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Representatividade trans na UFOP

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Duda Salabert e Fredd Amorim na I Roda de Conversa do Projeto Vidas (Foto: Laís Ribeiro)

          De acordo com os dados da instituição, atualmente, a UFOP tem 13.905 alunos e alunas entre graduação, pós-graduação e especialização. Dessas quase 14 mil pessoas, a pesquisadora Ludmilla Camilloto, mestra em Direito pela UFOP, identificou somente 11 estudantes trans. Isso significa que, para cada mil alunes, a Universidade tem um alune trans, uma proporção extremamente baixa. Esse número é alarmante pensando no tamanho da Universidade e na quantidade de corpos trans que estão na sociedade, o que mostra como é discrepante a presença desses corpos no ambiente universitário em relação aos corpos cisgêneros.

          A educação é um direito básico e fundamental garantido na constituição e, por isso, direito de todes. É nesse processo que o indivíduo se desenvolve intelectual e socialmente. A universidade também é parte desse desenvolvimento. As instituições públicas, principalmente, têm um papel maior no desenvolvimento e profissionalização dessas pessoas sem exclusão: independente de raça, cor, orientação sexual, identidade de gênero, religião, classe social. Na teoria, as leis são adequadas, mas na prática, as coisas não se configuram desse modo. Esses sujeitos, normalmente discriminados e colocadas às margens da sociedade, enfrentam muita dificuldade na hora de ocupar e existir nesses meios. Hoje, existem ações afirmativas que buscam maior inclusão social dentro desse ambiente, a política de cotas raciais, econômica, deficiência física e/ou mental. Em 2018, algumas instituições, como a Universidade Federal do Grande ABC (UFABC), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade do Estado da Bahia (UNEB), a Universidade Federal da Bahia (UFBA), a Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e a Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS) adotaram políticas que incluem travestis, transexuais e transgêneros em cursos de graduação e pós-graduação. 

          No caso das pessoas trans, esse processo de ocupação se torna um caminho ainda mais árido. Começa com o fato de que a maioria sequer chega a completar o ensino médio, pois são expulsos de casa ainda cedo ou enfrentam preconceito e rejeição dentro das salas de aula e optam por deixar a escola. Se conseguem ingressar na universidade, é preciso enfrentar um processo desgastante e, mesmo assim, muitas vezes não são aceitas. Cada universidade possui um regimento interno, são autarquias independentes de administração indireta. Dessa forma, aceitam ou não o uso de nome social e podem optar ou não por adotar a utilização de políticas públicas voltadas para sujeitos trans. Se conseguem superar concluir essa etapa burocrática, a permanência na universidade é um novo desafio, pois é preciso passar pela aceitação e convivência diária com alunos(as), professores(as) e servidores(as). No caso de Fredd Amorim, uma das exceções à regra, que está concluindo o mestrado em artes cênicas, há um sentimento de reconhecimento e gratidão, principalmente àqueles que, assim como ela, lutam todos os dias para poder existir “esse meu trabalho eu dedico a essas pessoas. É um trabalho que eu me propus a fazer, a buscar pensar em todas essas poéticas de existência, em todos esses espaços de resistência que foram e estão sendo criados por nós e por tantas outras pessoas que estão resistindo por aí”.

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